Como fotografar a sua família, mesmo com um equipamento básico

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Se você frequentemente fica se perguntando "como fotografar a sua família", esse post é pra você.

Muita gente gosta de fotografia, mas será que estão fazendo o melhor pelas fotos da sua família?

Quando a gente fala em fotografar a família, alguns modelos mentais surgem como resultado:

Temos o pessimista que diz que as suas fotos serão sempre horríveis porque não tem uma câmera profissional e não sabe fotografar;

Temos também o otimista que acha que todas as fotos sairão perfeitas, bem enquadradas, nítidas, com aquele tom amarelinho de pôr do sol e com o fundo desfocado lindo;

E no meio desses, temos o realista que acredita que algumas fotos ficarão com um enquadramento legal, bem focadas e nítidas, mas que muitas fotos serão realmente perdidas e que o o resultado vai depender sim do equipamento, mas principalmente da luz e da técnica usadas na hora de fotografar e tratar as fotos além de combinar o jogo com a família, alinhando as expectativas.

Nesse post vamos falar sobre como atuar nas variáveis que estão ao seu alcance para aumentar as chances de boas fotos com a sua família.

Como fotógrafo de famílias e fotógrafo de eventos que atua no Rio de Janeiro há mais de 5 anos, eu não posso deixar de te recomendar apoio profissional, que vai sim te trazer muito mais certeza de bons resultados, mas esse post vai tentar te trazer autonomia para melhorar as suas fotos ainda que a sua opção seja por fazê-las sozinho (a).

Escolha do local

O "onde" vai determinar para os integrantes e para o fotógrafo, o clima das fotos, o cenário em que elas serão feitas. Dessa forma temos cores, e iluminação que podem variar radicalmente e por isso devem ser escolhidas com cuidado.

Fotografar em casa traz um clima mais intimista para as fotos com uma pegada mais jornalística da rotina familiar, como eu tenho preferência por fazer com as famílias que fotografo aqui no Rio de Janeiro. Além disso, um fator importante é a logística facilitada pois ninguém precisa se arrumar ou se deslocar a lugar algum. O ambiente já é conhecido e é esperado que as pessoas fiquem muito mais à vontade e espontâneas para as fotos, já que estão em seu território.

Apesar de muitos não acreditarem ser possível, uma sessão fotográfica em casa gera fotos especialmente bonitas e de alto valor emocional para toda a família.

Fotografia de família: Pai e filha fazendo  o dever de casa juntos
Cena da rotina da família em casa, com grade significado para a família

Se a escolha for por algum local fora de casa, é importante avaliar o quão à vontade as pessoas da família ficarão lá e mais ainda, o quanto ficarão á vontade de serem fotografadas lá. Se for um local público, a timidez poderia ser uma barreira para o sucesso das fotos.

Uma recomendação que eu considero interessante é a escolha de um local que a família já conheça e se possível que tenha relação com a história da família. Dessa forma fica mais fácil contar a história das pessoas de maneira conectada com o lugar.

Organizar data e melhor horário

Uma questão importante a se organizar está relacionada ao "quando", e isso antes de mais nada significa acertar as agendas de todos para que não fique faltando ninguém no dia escolhido. Vale muito mais a pena adiar uma sessão de fotos que fazer uma faltando alguém. A menos que seja realmente impossível, aí nesse caso o recomendado é fazer mais de uma sessão fotográfica para juntar tudo depois.

E ainda falando do "quando", o horário também é importante e influencia também no tipo de luz que teremos disponível para as fotos.

Se o local escolhido for mais aberto ou até mesmo externo, o nascer do sol e o pôr do sol são horários muito interessantes pois geram uma luz lateral e mais amarelinha, linda pra compor uma boa foto tanto da paisagem quanto das pessoas, e se você conhecer o local, já vai poder planejar o posicionamento de maneira muito mais eficiente.

E é claro que o conforto das pessoas é algo fundamental para que tenhamos boas fotos, então não adianta querer tirar uma adolescente da cama ás 5 da manhã para fotografar no nascer do sol, porque você vai ter um rosto bem zangado nas suas fotos. Considere escolher horários mais favoráveis pois vale mais a pena ter alguém animado e disponível para as fotos, mesmo que para isso não se tenha as condições ideais de luz.

Fotografia de família: Família reunida em um gramado ao pôr do sol.
Bom lugar e bom horário geram conforto aos participantes e com isso, boas fotos.

Uma outra dica sobre isso seria evitar o horário do meio do dia, principalmente no verão, devido ao tipo de luz muito forte, e que pode gerar o que chamamos de sombra dura, que é aquela sombra muito marcada e atrapalha na hora de fazer uma boa captura. Além é claro, de deixar as pessoas desconfortáveis sob o calorão do meio do dia ou até mesmo com fome.

Briefing com a família

Você já tem a data, horário e local definidos. Agora é fundamental combinar o jogo com todos os participantes.

Converse com todos sobre que tipo de fotografia cada um gosta mais e se cada um tem alguma foto que gostaria de fazer lá no local escolhido. É importante que cada um se sinta parte ativa daquelas fotos e não alguém que está sendo levado para fazer fotos que interessam só a alguns. Revisitem fotos antigas da família e escolham algum que queiram reproduzir com todos mais velhos (esse tipo de foto é sempre muito divertida).

Uma família é composta de pessoas muito diferentes, e é importante entender isso. Vai ter gente que só gosta de fotos posada, com enquadramento mais de pertinho porque está acostumada com selfies, vai ter gente que fica muito envergonhada de olhar pra câmera e prefere fazer as fotos mais casuais. Tem gente que adora brincar e fazer careta nas fotos de família.

Fotografia de família: Família reunida à mesa jogando baralho
Uma família é composta de pessoas diferentes. Combine tudo antes e todos vão aproveitar

Eu acho que o combinado não sai caro e se todo muito se sentir representado, dá pra fazer fotos que agradem a todos e com todos.

Escolha do equipamento

Essa é a hora de você decidir que tipo de equipamento você vai usar para fotografar a sua família.

Antes de mais nada eu quero deixar claro que nem sempre o aparato mais complexo é o mais indicado, e eu vou explicar o porquê.

O primeiro filtro é verificar o que você tem. Sejamos práticos e nada de ficar comprando iluminadores e tripés se você não vai usar depois e vão virar um trambolho no seu armário e te dar despesa. Leve o melhor que você tiver e leve em consideração o fator a seguir.

Existe uma relação entre custo e benefício que precisa ser analisada quando escolhemos o que levar para uma sessão fotográfica. Se o local escolhido for com um acesso um pouco mais difícil, quaisquer 100g a mais de equipamento que você levar, podem te deixar cansado antes de chegar ao local, e se ninguém pode estar estressado durante uma sessão de fotos, o responsável pelas fotos também não pode...rs.

Em resumo, vale mais a pena levar um bom celular e ficar confortável do que chegar lá com uma câmera profissional e, ou não saber mexer nas suas configurações ou ficar cansado de carregar o peso e desanimar na hora de fotografar. Mais uma vez, o conforto ganha.

Formato de arquivo

Agora vamos entrar na parte um pouco mais técnica sobre a sua fotografia de família, e vamos falar do formato de arquivo.

Existem basicamente 2 tipos de arquivos que a câmera vai gravar na hora da captura da sua foto. O mais utilizado é o JPG que é um formato compactado, e o é o RAW que é bem mais completo e que dificilmente é encontrado em smartphones.

As principais diferenças entre esses dois tipos de arquivo, são que o RAW tem um tamanho que pode ficar em torno de 30Mb, mas que tem maior capacidade de ser editado em cores, e iluminação, facilitando os ajustes na pós produção, enquanto que o JPG tem algo em todo de 5Mb ou menos, mas são bem mais limitados no chamado range dinâmico, sobretudo em ajustes de iluminação

Se você vai usar um smartphone e ele não possui a opção de arquivo em RAW, não tem problema, use o JPG e continue atento às técnicas para que a sua foto já saia o mais perfeita possível na hora da captura.

Caso você utilize uma câmera DSLR ou Mirrorless, profissional ou semi profissional, você certamente terá a opção de arquivo RAW, que eu recomendo fortemente que você utilize. Vai gerar arquivos grandes, mas acredite, vale muito a pena.

Com esse tipo de arquivo você tem muito mais liberdade para fazer ajustes numa foto como por exemplo, reduzir apenas as altas luzes daquele céu que parece que ficou estourado e clarear as sombras daquelas árvores ou rostos das pessoas que ficaram muito escuras.

O limite para esse tipo de correção no RAW é mais que o dobro do JPG e sem destruir o arquivo. Ele é como se fosse o negativo original da sua foto.

Técnicas

Independente de que formato de arquivo, local ou horário, com técnicas simples você pode entregar para a sua câmera ou smartphone uma quantidade e qualidade de luz muito satisfatória, resultando em uma foto bonita e bem iluminada.

Algumas regrinhas devem ser conhecidas para serem quebradas conforme o seu conhecimento for evoluindo. Vou te dar alguns exemplos:

A câmera do smartphone se sai muito bem bem em condições de luz suficiente, mas vai tentar a todo custo compensar as áreas de sombra e pode perder muita qualidade com isso por isso, com qualquer tipo de equipamento, para fotos de pessoas, prefira que a luz principal (que pode ser o sol) fique de frente para as pessoas fotografadas. Quando for pedir para as pessoas se posicionarem para uma foto, já fique você de costas para o sol e aponte para a sua frente para que as pessoas se organizem olhando para você. Ah e não conte com o flash do seu celular. Ele é pequeno e fraco e quase nunca vai dar conta.

Se você estiver usando uma câmera DSLR ou Mirrorless, a sua gama de configurações aumenta bastante.

Você pode mexer na velocidade da sua foto, representado pelo número 1/60, 1/125, 1/250 e assim por diante, que vai determinar se uma foto vai estar congelada ou com rastro (1/500 congela mais uma foto que 1/60 por exemplo).

Você pode mudar a abertura de entrada de luz na lente representado pelo número F/2.8, F3.5, F/8 e assim por diante. Esse parâmetro vai determinar o tamanho da área que você vai ter em foco na sua cena (F/11 tem mais coisas em foco que F/2.8 por exemplo).

Você pode mudar o ISO, que é a sensibilidade do sensor da câmera, representado por ISO 100, ISO 400, ISO 1600 e assim por diante. Esse fator vai determinar o esforço da câmera em captar a luz que chega ao sensor, quanto maior maior for sse número. Em compensação quanto maior o ISO, existe uma tendência a termos mais ruído de imagem, que são aqueles pontinhos que começam a degradar a sua imagem, principalmente em áreas escuras.

Efeitos da abertura do diafragma, velocidade e ISO na sua fotografia.
Efeitos da abertura do diafragma, velocidade e ISO na sua fotografia.

Cada fator tem seu benefício e sua consequência. Como dito antes, aumentar o ISO faz a câmera perceber melhor a luz que chega, mas aumenta o ruído se for usado com muita intensidade. A velocidade maior congela a cena e ajuda na nitidez, mas deixa entrar menos luz na câmera. A abertura com no número mais alto promove uma maior área em foco, dando mais nitidez a foto, mas também significa um orifício menor de passagem de luz e se usado exageradamente deixa passar menos luz do que deveria.

É importante entender que esses 3 fatores (velocidade, abertura e ISO) devem estar em um determinado equilíbrio, chamado fotometria, para se chegar a um resultado compatível com o desejado em relação a foco e iluminação da cena.

Um fator extra a ser considerado é que quem fotografa direto em JPG já precisa escolher, na hora da captura, o balanço de branco que determina a temperatura de cor, ou seja, quanto mais puxado pro amarelo e laranja (quente) ou para o verde e azul (frio) as cores da foto devem estar. Algumas câmeras de entrada só terão pré definições como SOL, NUBLADO, SOMBRA, e outras câmeras terão configurações em escala K (Kelvin) onde quanto maior o número, masi quente é o padrão de cor. Quem fotografa em RAW pode escolher isso depois e eu falo sobre isso na parte da edição.

Você já deve estar percebendo que não existe uma fórmula certa pra se seguir e a atenção de quem está fotografando deve estar no resultado a cada clique, com os ajustes que forem necessários. A dica de combinar o jogo com os participantes vai ajudar muito nessa hora pois a cooperação de todos e a paciência nessa tentativa e erro de quem está aprendendo, serão fundamentais para uma boa sequência de fotos.

Se você perceber que está ficando muito cansativo, faça um intervalo e deixe todo mundo relaxado novamente para retomar dali a alguns minutos...vai fazer bem a todos.

Por último, a minha dica para o momento das fotos é CLIQUE MUITO. Não economize... não esqueça que você não paga nada por clicar a mais. Pense no seguinte... se somente 10% das suas fotos ficarem boas mas você fizer 300 fotos, você ainda terá 30 fotos boas o que é um número muito bom. Aumente as suas chances de acerto clicando mais.

Pós produção

Os momentos mais tensos já passaram e agora você tem mais tempo para selecionar e tratar as suas melhores fotos.

O primeiro passo é separar o bom e o lixo...sim sem pena. Não fique guardando um monte de foto mais ou menos. Aprenda a olhar para uma foto e perceber se ela tem conserto ou não. Isso a experiência vai te ajudar a apurar esse senso.

Depois disso, se você fez o trabalho de casa direitinho você vais estar com bem menos da metade das fotos e vai abrir um editor de imagens de sua preferência, lembrando que se você conseguiu fazer suas fotos em formato RAW, vai precisar se certificar se seu editor abre esse tipo de arquivo, que como falamos lá no começo, é todo diferentão.

Independente de como funciona o seu editor de imagens, se ele abre foto por foto ou se trabalha em lotes, você deve ter em mente que uma área na sua foto que aparece em branco absoluto, ela não tem informação naquele pixel e não pode ser recuperada, da mesma forma uma parte que está em preto absoluto. Então só vale a pena manter fotos assim sem deletar, se a cena foi muito legal e você não quer perder. Caso contrário tchau.

Fora isso, seu trabalho agora vai se resumir a controlar os exageros permitidos no momento da captura, baixando altas luzes e subindo baixas luzes de forma a equilibrar. Especialmente na elevação das baixas luzes, se exageramos e chegamos no limite permitido pelo arquivo, começa a aparecer aquele mesmo ruído que vemos no exagero do ISO, e podemos ou não usar, cientes da consequência. isso é muito de gosto pessoal. Em arquivos de boa qualidade existe a opção de fazer a chamada redução de ruído que funciona até determinado limite. Experimente pois é uma correção que pode ajudar bastante.

Fotografia de famíilia: Pai e filho observando a paisagem
Foto tratada com as altas e baixas luzes equilibradas

Por último eu quero apresentar um fator maravilhoso disponível apenas para quem fotografou em RAW. O balanço de branco na pós produção.

Se você fotografou em RAW e de repente achou que a sua foto poderia ficar um pouquinho mais com cara de pôr do sol, basta mover o slide do balanço de branco para a direita e ajustar. É uma vantagem significativa em relação ao JPG que não permite isso.

Enfim... o aprendizado vai te trazer muito mais bagagem que esse post, mas você pode e acho que deve tomá-lo como base para suas aventuras iniciais, e se você tiver alguma sugestão para incluirmos aqui, esse post pode ir crescendo conforme as sugestões forem chegando.

Se você quer fazer um post que complemente esse aqui, vai ser um prazer trocar essa ideia.

Espero ter ajudado e depois me contem os resultados. Quero receber fotos de vocês.

Um abraço.

Como fotografar a sua família, mesmo com um equipamento básico

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